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20/02/2019
Postado por AMPE

Programa de Núcles Setoriais

1. O que são núcleos setoriais e como funcionam

Um núcleo setorial é um conjunto de empresas, geralmente do mesmo segmento, como panificação, auto-mecânicos e outros, em determinado município, que se reúne periodicamente e realiza ações coletivas com o intuito de criar vantagens competitivas para as empresas participantes. É orientado por um consultor grupal, ligado a uma entidade empresarial local, que conduz as reuniões do núcleo setorial e apoia o desenvolvimento das ações definidas e realizadas pelos empresários. 

Esses núcleos setoriais surgiram na Europa, especialmente na Alemanha, a partir da idade média. Os artesãos, artífices que executavam trabalhos manuais como marceneiros, pedreiros e panificadores, sentiram a necessidade a se organizar para representar os seus interesses junto ao governo municipal. 

Como estes segmentos eram de grande importância para a economia local, os governos dos municípios abriram espaço para estas empresas se organizarem localmente. Assim, cabia a esses grupos, denominados Zünfte, definir quantas empresas de cada ramo deveriam estar presentes no município, bem como a certificação de mestres e aprendizes. Todas essas medidas, em sua maioria de caráter corporativo, passaram por alterações ao longo dos séculos. Hoje, as Câmaras de Ofícios representam entidades de classe modernas com visão para o futuro, mas com forte lembrança de suas origens.

Interessante é o fato de que as Câmaras de Ofícios mantêm, até hoje, como célula básica da organização, os núcleos setoriais. A grande vantagem desse modelo de organização é a possibilidade de focar o trabalho em problemas específicos de cada segmento econômico, o que torna o trabalho mais eficaz e eficiente. 

Os núcleos setoriais surgiram no Brasil em 1991, fruto de um projeto de cooperação entre a Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera, e as Associações Comerciais e Empresariais de Santa Catarina. O modelo alemão foi adaptado à realidade brasileira, permitindo, assim, um trabalho mais participativo e orientado pela demanda dentro das entidades empresariais. A partir dos resultados gerados, foi implementado o Programa de Núcleo Setorial, parceria da FAMPESC – Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedor Individual e do Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, levando a ideia dos núcleos setoriais para todos os Estados da União. 

Hoje são mais de 1.000 empresas em 22 AMPES- Associações de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedor Individual que empregam a metodologia do Projeto Empreender. Além da grande aceitação pelos empresários que participam do Projeto, são os impactos gerados que melhor demonstram sua eficácia, conforme mostram as pesquisas realizadas:

2. Consultoria grupal

Para entender melhor como funcionam os núcleos setoriais e a chamada consultoria grupal, de forma prática, torna-se importante descrever a quem se dirige, quem a aplica e quais são as suas vantagens: 

Na consultoria grupal a clientela é composta por um grupo de empresários ou profissionais que buscam o desenvolvimento de suas empresas de forma conjunta. Por exemplo: 
  • Os marceneiros de um município detectaram a necessidade de aprimorar a qualidade de seus produtos e de conquistar novos pontos de venda; 
  • Os salões de beleza de uma localidade precisam formalizar os seus empreendimentos. 
Muito embora, tenham sido citados resultados de natureza distinta, o trabalho desenvolvido pelo consultor grupal utiliza os mesmos preceitos cooperativistas, garantindo, mediante articulação e implementação de ações coletivas o alcance dos resultados.

O consultor grupal atua, sobretudo, no levantamento e organização das demandas do grupo ao qual assiste, apoiando-os na elaboração de soluções para o desenvolvimento das empresas e servindo de elo até os agentes finais do assessoramento. Por exemplo, se um núcleo de confecções identifica a necessidade de agregação de valor aos seus produtos, a partir do aprimoramento das coleções, o consultor grupal encaminha tal demanda ao centro tecnológico de moda de sua região e acompanha a sua atuação junto aos nucleado.

3. Quais são as vantagens dos núcleos setoriais

A implementação de núcleos setoriais tem representado uma das mais contundentes formas de organização de empresas de um mesmo segmento, contribuindo fortemente para o aumento de suas vantagens competitivas no mercado, mediante: 
  • Acesso à capacitação e consultoria gerencial e técnica a custos menores;
  • Possibilidade de realização de compras e vendas em conjunto; 
  • Participação em feiras, missões empresariais e eventos com maior regularidade e menor custo; 
  • Acesso e ampliação de mercados; 
  • Realização de marketing de rede; 
  • Aprimoramento tecnológico de processos; 
  • Exercício da cidadania mediante participação em projetos sociais; 
  • Ganhos de qualidade, produtividade e competitividade. 

O trabalho dos núcleos setoriais além de trazer benefícios para as empresas participantes, gera impactos positivos nas entidades empresariais que promovem esta forma de organização da base. Podem ser mencionados: 
  • Melhoria da representatividade;
  • Aumento do quadro social e, consequentemente, da receita da entidade empresarial local;
  • Crescimento de demanda por serviços da entidade;
  • Fortalecimento da cultura associativista; 
  • Profissionalização do quadro funcional; 
  • Participação pró-ativa no desenvolvimento local e regional.


4. Escolha do núcleo a ser constituído

A partir da conceituação de núcleos setoriais, surge a necessidade de se estabelecerem os critérios de escolha do segmento empresarial que dará origem ao núcleo, a fim de assegurar que o trabalho tenha bom êxito e atenda ás expectativas da entidade de classe e dos participantes. Cada entidade de classe necessita avaliar o impacto que se pretende gerar com a criação de núcleos setoriais. Pode-se buscar fortalecer o desenvolvimento das empresas associadas e da economia local, o aumento do quadro social, o aumento da receita da entidade empresarial local, a melhoria da representatividade, entre outros objetivos. A seguir, encontra-se uma lista de critérios, como sugestão, que podem auxiliar na tomada de decisão:

5. Os critérios citados deverão ser analisados de forma sinérgica e alinhados aos interesses da entidade, podendo ainda ser acrescentado outros critérios conforme necessidade da entidade.
  • Número de empresas existentes – o número de empresas, em conjunto com a importância que essas representam para a economia local/regional, são as referências iniciais para a escolha do núcleo a ser formado. Um grande número de empresas, em geral, cria maiores oportunidades de sucesso da iniciativa. 
  • Número de empresas associadas à entidade empresarial local – a entidade empresarial local deve considerar se a criação do núcleo é orientada prioritariamente pela expressividade do segmento econômico em questão, bem como a participação deste em seu quadro social. Deve haver a cautela de não se promoverem ações tendenciosas e desprovidas de caráter técnico, como escolher o segmento por ser da empresa do presidente ou de outras pessoas-chave da entidade. 
  • Importância para o desenvolvimento local e regional – A importância que o segmento representa para o desenvolvimento local deve ser levada em consideração, sob o ponto de vista, por exemplo, da geração de emprego e renda, aumento da arrecadação de impostos, geração de novas oportunidades de negócios, importância para os arranjos produtivos locais. 
  • Capacidade de sustentabilidade financeira do núcleo – É necessário avaliar o potencial de sustentabilidade do núcleo, sob a ótica das contribuições financeiras das empresas e o interesse da entidade empresarial local ou de terceiros em subsidiar o trabalho. 
  • Histórico do segmento – Deve ser avaliado se o segmento já passou por experiências mal sucedidas, o que poderia diminuir a disposição dos empresários em participar de novas ações. 
  • Sinergia com outros núcleos – a formação de um conjunto de núcleos que desempenhem atividades complementares (horizontalmente, como arranjos produtivos ou verticalmente, como cadeias produtivas) pode contribuir com ações mais impactantes para o desenvolvimento sustentável da região. Por exemplo: em uma cidade tipicamente turística, os núcleos de hospedagem, gastronomia, artesanato e transporte turístico, ao serem trabalhados em conjunto, podem produzir resultados que alavanquem a economia local de forma ampla e integrada. 
  • Existência de lideranças – Lideranças empresariais, bem aceitas na comunidade, são as mais promissoras por ocasião da formação de um núcleo e sua participação é de grande importância. Vale lembrar, que pelo caráter das ações associativistas, nem todas lideranças de uma localidade têm perfil adequado para os desafios a serem enfrentados.
  • Taxa de mortalidade das empresas – A alta taxa de mortalidade de empresas de um segmento pode estimular a entidade a formar um núcleo, com vistas a atuar nas causas que levam a esse fato, mas tal decisão exige cautela. O problema pode ter origem macroeconômica e, portanto, estar além dos limites de atuação do núcleo e da entidade. Se for o caso, é preferível a escolha de outros segmentos que possibilitem um trabalho bem sucedido. 
  • Tendência de evolução – Alguns segmentos da economia, por razões macroeconômicas podem estar em curva ascendente ou declinante. Por exemplo, a área de entretenimento e saúde são segmentos em desenvolvimento e núcleos formados por empresas deles podem ter maior chance de sucesso. 
  • Receptividade e engajamento dos empresários – O aspecto de natureza comportamental mais importante para a prosperidade do núcleo, é o nível de comprometimento e afinidade que os nucleados demonstram perante o trabalho coletivo. 
  • Pré-existência de entidade representativa dos interesses do segmento – Muitos segmentos encontram-se organizados em sindicatos, cooperativas entre outras entidades empresariais. Nesse caso, não é recomendável constituir um núcleo deste mesmo segmento já organizado, que além dos problemas de ordem político-institucional, poderia despender recursos inutilmente. 
  • Governança e cooperação – refere-se à capacidade e a disposição dos atores sociais de se unirem e cooperarem para fortalecer um segmento ou grupo de segmento.
  • Demanda espontânea por parte dos associados - A espontaneidade por parte do empresário ou a existência de demanda é um fator importante para a criação do núcleo setorial e pode representar maior capacidade de mobilização dos nucleados bem como a geração de resultados mais expressivos em curto intervalo de tempo.

“Ninguém é tão forte sozinho, quanto nós todos juntos”.